Parashat Chayei Sarah

Quais são os pré-requisitos para encontrar uma verdadeira parceira para a vida?

Avraham está preocupado. Agora, no final de sua vida, ele deve pensar em continuidade, nas gerações futuras. Sobre a continuação de sua família especial. Portanto, ele procura a parceira da vida para seu filho Yitschak.

Ao pensar no assunto, Avraham percebe que muitas etapas devem ser superadas neste assunto. Onde ele conseguiria uma mulher adequada para seu filho? Uma mulher capaz de suportar o propósito e o objetivo da missão dos patriarcas neste mundo? Tudo depende da parceira, não somente a felicidade de seu filho que nasceu em idade avançada, mas também o destino de seus descendentes, que são a continuação do povo de Israel. O destino do povo até o final de todas as gerações, depende da escolha correta e precisa da “parceira de vida”.

As moças residentes na região da terra de Canaã estão fora de questão. Suas virtudes e seus comportamentos, não são adqueados à casa de Avraham.

Mandar Yitzhak procurar uma mulher em outro país também é impossível, pois talvez ele se estabeleça no país de sua esposa, sabendo que o comportamento daquele lugar, pode influênciar muito no futuro do povo de Israel.

Portanto, Avraham pede a Eliezer, seu servo fiel que vá até Aram Naharaim, lugar no qual vivem familiares de Avraham, para que traga a parceira digna que dará continuidade ao povo de Israel.

Eliezer vai até Aram Naharaim para cumprir a missão. Ele procurou uma mulher cujas virtudes correspondessem exatamente aos pré-requisitos determinados por Avraham. Lá, em Haran (Aram Naharaim), ele encontra Rivka.

Rivka é uma moça muito gentil. Eliezer pediu um pouco de água para saciar sua sede, enquanto ela oferecia e até trabalhava para saciar a sede dos camelos. Ela também estava pronta para correr e tratar de pessoas que ela nem conhecia, do mesmo modo que fez Avraham com as visitas.

Outra linha comum se estende entre Avraham e Rivka (Bereshit 24:46): ” E ela se apressou, baixou seu cântaroe disse: Bebe, e também a teus camelos darei de beber. E bebi, e também aos camelos deu de beber”. Aqui está nítida e explicitamente vista a agilidade para fazer a bondade, uma rapidez que prova o desejo interior que bate no coração daquele que ve em sua mente e em seu coração o bem-estar do próximo.

Ela fica perto dos camelos até que estes tenham terminado de beber, para que caso estes necessitem de algo mais, Rivka já estará lá para lhes conceder suas necessidades. Este é o comportamento da pessoa que a bondade e a benevolência está enraizda dentro dele.

Quando Eliezer pergunta a Rivka (Bereshit 24:23): ” Dize-me, rogo-te, se há lugar na casa de teu pai para nós pousarmos?”. Rivka acrescenta mais do que foi perguntada e oferece por conta própria (Bereshit 24:25): ” Tanto palha como forragem temos bastante, e também lugar para dormir”. Eliezer só pediu alojamento, enquanto ela também ofereceu comida e forragem.

Rivka preencheu plenamente as expectativas de Eliezer. Porém há aqui uma incógnita: Eliezer não veio sozinho, ele estava acompanhado de um grande comiteê, pessoas que o acompanhariam em seu caminho e o ajudariam. Deste modo, por que ele esperava que Rivka fizesse um trabalho tão árduo que não era de sua obrigação? Por que ele verificou a capacidade de que ela seja um dos alicerces da continuação do povo, através destes trabalhos árduos?

A explicação é que, de fato, Rivka agiu com uma intenção oculta, que indica um aspecto especial que estava oculta na virtude da bondade e benevolência.

Nosso relacionamento com os outros é expresso em dois níveis: em um relacionamento de gentileza e respeito, e nem sempre estes dois níveis estão andando de mãos dadas. Por exemplo, uma pessoa vê que um evento embaraçoso ocorre na casa de seu amigo. O grau de gentileza requer que ele se interesse e investigue se é possível ajudar, e, por outro lado, o grau de respeito indica o contrário: você não deve entrar no reino privado dos outros. Talvez não é agradável para ele que penetrem nos eventos privados de sua família, talvez esta penetração pode causar vergonha.

Normalmente, as pessoas tendem a agir nesses casos, dependendo de sua própria natureza.

Aqueles que por natureza são benevolentes não levarão em conta especialmente o grau de respeito. Por outro lado, aqueles que são naturalmente mais contidos preservarão a dignidade dos outros e terão medo de tentar ajudá-los. Somente específicas pessoas sabem sincronizar entre fazer a bondade e ter respeito de não entrar na privacidade dos outros. Para isso, é necessária muita sabedoria, a qual nem todos têm o dom para fazer isso.

Quando Eliezer procurou examinar a virtude da bondade de Rivka, ele também examinou esse aspecto, de sincronizar o repeito e a bondade simultâneamente. Então ele pediu à ela: “por favor, incline seu jarro para que eu beba”. Ele pediu para beber direto do jarro, não por meio de um copo; Ele queria ver o que ela faria com a água que sobrou no jarro depois que ele terminasse de beber. Se ela levasse o jarro para sua casa como estava, os membros da casa beberiam da água do jarro depois que ele a tivesse bebido, e esse seria um ato indigno. Por outro lado, se derramar a água que sobrou no jarro, ela poderá ofender a Eliezer – como se suspeitasse que a boca dele não esteje limpa …

Porém, existe uma solução para esse problema: Rivka pode usar a água restante para dar de beber aos camelos. Essa era a intenção colocou em sua tefilá para o sucesso de sua missão, que a moça diga que daria aos camelo beber após que Eliezer bebesse, o que realmente aconteceu.

Desta forma, cada lado está satisfeito; a água não será usada pelos membros da casa, e ainda assim a honra de Eliezer não será prejudicada.

De fato, ficou claro para Eliezer que a sensibilidade de Rivka em relação ao respeito dos outros é de extremo nível.

Porém Rivka demonstrou um nível de sensibilidade maior ainda do que Eliezer havia verificado. Ela temia que Eliezer pudesse ficar ofendido que o fato que ela deu de beber aos camelos, foi para na verdade, um modo de jogar a água fora ao invés de derramá-la no chão. Para provar que ele realmente queria “matar a sede” dos camelos, ela disse que não os abandonaria até que terminassem de beber tudo o que necessitavam, mesmo que ela tivesse que encher o jarro diversas vezes.

Ela vai trabalhar e se incomodar incansavelmente, bombear água para todos os camelos, desde que possa evitar uma violação minuciosa da dignidade de uma pessoa que ela nem conhece.

Depois de um teste tão bem sucedido, não é de admirar que Eliezer admirasse a menina que cresceu em um lugar onde as pessoas más viviam, e ainda assim ela tem profundas perguntas sobre os ensinamentos da graça e da dignidade humana.

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