Relatarei uma história que ocorreu uns 25 anos atrás em Israel. Um rapaz ficou noivo e sua avó, que era muito rica, disse que queria presenteá-los com o anel de noivado. Ela comprou algo magnífico no valor de 50.000 shekels e orientou o neto para dizer à noiva que era um presente especial dela. O Chatan estava estudando numa Yeshivah e planejava viver um estilo de vida de Kollel que é normalmente mais simples. Porém, não querendo ser desrespeitoso com sua avó, acabou aceitando o presente extravagante. Ele presenteou sua Kallah alguns dias antes do casamento. Ela ficou impressionada com o tamanho do diamante. O anel em si estava um pouco solto no dedo e ela transmitiu isso ao noivo; ele comentou com os pais, que lhe disseram: “A vovó gastou muito dinheiro com isso, apenas diga a noiva para agradecer e mantê-lo do jeito que é”.
Então ela o colocou no dedo e planejou posteriormente ajustar o tamanho. Durante o Sheva Berachot, uma de suas amigas lhe pediu para ver o anel e, quando ela estendeu a mão, percebeu que o anel havia sumido. Quando a família do Chatan descobriu que ela perdera o anel, começaram a envergonhá-la. Eles lhe insultaram, perguntando como ela poderia ser tão descuidada, e ela se sentiu totalmente humilhada nesse episódio. Isso ocorreu no início do mês de Sivan, quando se casaram.
Cerca de quatro meses depois, no final de Elul, o Chatan vestiu um de seus ternos que usara durante o Sheva Berachot. Ele estava mostrando à esposa que ganhara peso e o paletó não cabia direito mais nele, mas quando ele colocou as mãos no paletó, sentiu algo no bolso. Enfiou sua mão e puxou o anel de noivado da esposa. No fim das contas, ela nunca o perdera. Esteve com ele o tempo todo e foi ele quem não percebera. Ele exprimiu o quanto estava chateado por ela ter passado por todo o constrangimento que ela sofrera.
Imediatamente, ligou para os membros da família para contar lhes sobre o ocorrido. Todos pediram desculpas a esposa profusamente, mas o dano já havia sido feito. Foi difícil para ela perdoar e, nos 15 anos seguintes, ela disse que possuía sentimentos negativos em relação ao marido por indiretamente, ter lhe causado todo esse constrangimento. Ela manteve escondidos todos esses sentimentos dentro de si e tentou não demonstrar.
E então, 15 anos depois, tiveram sete filhos e pareciam felizes, mas no fundo ela ainda tinha algum ressentimento. A avó do marido faleceu e a esposa disse que não queria mais o anel que lhe causara tanta angústia. Perguntou se poderia vendê-lo e obter um novo. “Claro”, respondeu o marido, “se é isso que fará você feliz, tudo bem por mim”.
Todos sabiam qual joalheria a avó costumava frequentar, então ela se dirigiu até lá e perguntou ao joalheiro quanto ele avaliaria o anel, que examinou e respondeu que valia 53.000 shekel. Ela então comentou que foi ele quem originalmente vendera o anel para a avó do marido. Ele olhou para o anel novamente e disse: “Não, esse anel não é meu. Eu tenho uma maneira de identificar a minha mercadoria e sei que não lhe vendi este anel”.
A mulher estava determinada a provar que ele estava enganado. Voltou para casa para procurar o certificado de venda para mostrá-lo ao vendedor. Revirou a casa até finalmente encontrá-lo. E ela constatou, assim como o marido disse, que era um anel de 50.000 shekel. Mas então, enquanto examinava mais de perto, notou algo naquele certificado que a fez chorar. Ela ligou para o marido e disse: “Yossi, quando você vai voltar para casa?”. “O que há de errado?”, ele perguntou.
Ela disse que precisava falar com ele pessoalmente, era muito importante. Ao chegar em casa, ele indagou: “O que é?”. Ela continuou: “Não acredito. Por 15 anos você escondeu isso de mim”. “O quê?”, ele perguntou. “O anel. Este anel não foi comprado por sua avó. Foi comprado por você”. “Do que você está falando?” ele respondeu.
Ela mostrou o certificado. Dizia que o anel custara 50.000 shekel. Mas também exibia a data de compra na parte inferior. Dizia 14 Elul. Eles se casaram três meses e meio antes disso quando ela recebera o primeiro anel. Ela concluiu: “Você se sentiu tão mal por mim, deve ter pegado dinheiro emprestado e passou anos tentando pagá-lo para conseguir-me um novo anel. Me fez acreditar que o tinha em seu paletó para me poupar da vergonha com sua família. Todos esses anos pensei que você fosse a causa da minha humilhação, mas você é um anjo. Sinto muito por guardar rancor de você.”
Há pessoas andando por aí, Lo Alenu, com rancor contra Hashem. Podem sentir que Hashem os machucou ou os humilhou ou impediu que a bondade recaísse sob eles. Como consequência disto, ficaram menos entusiasmados em seguir a Torah e as Mitzvot,. Um dia, todos nós veremos que o que pensávamos que era Hashem nos machucando, era na realidade Hashem revirando o mundo para nos ajudar da melhor maneira possível. Ele faz tudo para nosso benefício. Diremos: “Não acredito, julguei totalmente equivocadamente Hashem”. Mas, agora, antes que Hashem nos revela tudo isso, temos a chance de demonstrar nossa Emunah e dizer: “Eu confio em Você. Eu sei que o que Você está fazendo é exatamente o que eu preciso e sei que você está fazendo isso para me ajudar. Eu vou Te amar e continuar Te servindo da melhor maneira possível”. Se pudermos fazer isso, então quando Hashem finalmente revelar Seus planos para nós, estaremos em um estado de júbilo, colhendo as recompensas por acreditar Nele o tempo todo.
R. David Ashear