A ética dos pais

A ética dos pais Perek 1 Mishná 14

Este ensinamento de Hillel foi transmitido em linguagem fácil de ser captada. A mishná declara sobre a responsabilidade de cada indivíduo por seus atos. Também inclui uma compreensão da importância crucial de cada momento de sua vida. Esta declaração deve ressoar nos ouvidos de todo judeu como o slogan de uma vida vitoriosa. Você, e somente você, determinará o verdadeiro sucesso de sua vida espiritual.

A conexão entre o reconhecimento do homem de seu papel e propósito na vida e a não renúncia de um momento da vida é muito compreensível e claramente aceita no coração. Aquele que entende que a vida lhe foi outorgada como um presente celestial, deve ter em mente que este presente tem o intuito de conter um plano, um propósito, um papel e uma missão, que são especial e unicamente somente dele. Portanto, não deve perder o tempo com futilidade.

Este entendimento nos leva a um pensamento sincero “do eu” e da grande valorização que devemos conceder ao tempo que nos foi outorgado. O tempo é a caixa de ferramentas que através da qual poderemos alcançar nosso objetivo.

Se eu não faço por mim,  quem fará por mim?

Surpreendentemente, justamente Hillel, o grande mentor da humildade, fala da importância do “eu” e da importância que a pessoa deve estar concentrada nisso. A razão para isso é simples: a importância do “eu”, não é para que a pessoa cultive seu orgulho, mas sim para que a pessoa possa saber e internalizar que ele e somente ele é o único capaz de cumprir sua missão pessoal destinada pelo Eterno.

Todos os dedos são direcionados para cada um de nós. Somos solicitados a conhecer o nosso verdadeiro e real lugar, nos ver no centro de tudo coisas, o “ator principal no grande espetáculo” da vida. Portanto diz Hilel: “Se eu não faço por mim-se eu não tentar cumprir ao máximo a missão outorgada a mim, que a fará por mim? Quem poderá cumprir esta missão caso eu não me esforçe suficientemente para cumprí-la? O homem deve internalizar que em termos de alcançar seu objetivo pessoal da vida, ele é a única pessoa existente no mundo.

Consta no Midrash: Cada pessoa tem três “acompanhantes” neste passageiro mundo: a família, seus pertences e suas boas ações.

Ao falecer, quando a pessoa estará prestes a ser julgado, ele tenta convocar seus leais “acompanhantes”, para salvá-lo do julgamento celestial.

Ele convoca sua família para argumentar bons argumentos para ele, porém com toda a misericórdia e boa vontade, eles podem acompanhá-lo somente “aos portões do tribunal”.

Ele convoca àqueles que sempre cultivou-os delicadamente, seus pertences, porém estes não se movem em um milímetro para ele.

Apenas o único de seus três “acompanhantes”, permanece fiel: suas boas ações, a benevolência feito com as pessoas, a caridade doada, as orações que ele orou, a Torá que estudou, eles e somente eles os protegem protegem no julgamento.

As palavras da mishná são uma chamada de despertar: Se eu não faço por mim – se a pessoa não despertar sua alma, quem despertará-lá por mim? – O que adianta escutar sermões morais, aproximar àqueles que estão distantes da espiritualidade, caso não se mova de “seu lugar de comodidade”.

Aqui está uma mensagem importante nos caminhos da educação e influência:

Todas as ações feitas para transmitir conhecimento, para aproximar os distantes à presença Divina, para fortalecer a consciência e a fé – são todas abençoadas. Mas tudo depende de uma única grande condição: no final, é a própria pessoa que decide se será influenciado por seus ato ou deixará passar sem que estes o influenciem.

Cada um e sua parte especial no serviço Divino

Certa pessoa, consultou com seu rabino, sobre a inscrição de seu filho em determinada yeshivá. O jovem é de inteligência média, porém seu pai quer que ele estude em yeshivá de super-dotados. Então, o pai perguntou ao rabino: será que devo lutar para alcançar esta meta? O rabino sorriu e perguntou: “E é por isso?!” O pai respondeu que o que lhe dirige é o escrito na Mishná (Avot 4:15) : “sempre seja como o rabo de um leão (que sempre está direcionado para a frente) e nunca seja como a cabeça de uma raposa (que sempre está virada para trás)” portanto, disse o pai, quero que meu filho esteja em tal lugar que tenha para onde almejar. 

“Veja”, o rabino lhe disse: ” o leão tem cabeça e cauda. A cauda é adequada ao corpo. A cauda, por mais que seja cauda, faz parte integral do corpo do leão. Porém como seria, caso fosse posto no leão, a cauda de uma raposa, ou colocar a cauda de um leão na raposa… A ligação, obviamente, não funcionaria! Assim também no caso de seu filho. Primeiro de tudo, não existe yeshivá boa ou ruim, pois todas são ótimas e excelentes.

Este ensinamento que cada um deve encontrar seu lugar e sua devida missão no serviço Divino, encontramos na parashat Bamidbar. Esta parashá inicia com o censo feito no deserto. Não somente o censo geral do povo, como também o censo de cada tribo separadamente, sendo que cada tribo tinha sua localização especial em cada uma das quatro posições (norte, sul, leste, oeste), como também dentro de uma das quatro posições, cada tribo tinha seu lugar fixo, determinado por bandeiras com o símbolo de cada tribo.
Nossos sábios de abençoada memória nos transmitiram, que tudo o que consta na Torá, não é somente um ensinamento momentâneo, mas sim um ensinamento para as gerações futuras. 

Hoje em dia, não estamos “passeando” no deserto com cabanas e bandeiras. Com isso, que ensinamento podemos internalizar sobre o modo do qual o povo de Israel estava acampado no deserto?

O autor do livro “Maor Vashemesh”, o Rabino Moshe Iechiel Epshtein Zts”l, Admor da chassidut de Ozerov, nos ensina uma grande lição de vida, sobre o modo de acampamento do povo no deserto.

O povo de Israel deve sempre estar unido com laços bem firmes e fortes, que automáticamente lhes concederá paz e amizade entre as pessoas. Mesmo assim, cada uma das pessoas deve procurar a quem é adequado que ele se aproxime. Portanto, cada um deve reconhecer seu devido lugar, uias valores são adequados a si, e a quais pessoas se aproximará, para que alcançe seu objetivo almejado.

Ou seja, se uma pessoa quer que crescer e florescer, deve verificar quais são os objetivos e metas a serem alcançados de acorodo com as virtudes e a personalidade de sua alma. Existem pessoas que acham que estar em posição que não é adequada a si, que nesta posição, alcançarão suas metas e seus objetivos no serviço Divino. Cada um deve saber seu lugar específico, para que possa alcançar no máximo as metas determinadas por D'us a ele.

Assim aprendemos, que a pessoa ao reconhecer seu verdadeiro lugar e sua verdadeira posição, pode saber seu verdadeiro valor e não optar a princípio achar que está em nível menor, e àqueles que ainda estão nas bases, que não achem que já estão no topo, se comportando de modo inadequado a seu nível.

Com este pensamento, a pessoa pode pensar o seguinte: qual será o momento correto para “subir de classe”, ou seja por um lado não devo estar em nível mais básico do que realmente estou, e por outro lado, não devo estar em nível mais elevado do que realmente estou.

A resposta é a seguinte: conversar com D'us, ou seja, rezar para que possamos “dar um tiro ao alvo”. D'us foi quem determinou estas etapas de crescimento, Ele espera que nos dirijamos a Ele, para sentir que tudo depende Dele. Devemos saber que a reza é uma das armas mais potentes que existem para se aproximar Dele. Assim escreve o Chazon Ish (compilado de cartas, carta 2): “… a reza é um cajado potente nas mãos do homem …” .

E quando eu sou para mim – o que sou eu?

Até aqui foi ensinado que a pessoa deve saber seu papel e sua missão, dando ênfase que ele, e somente ele pode cumprir sua missão, estando em sua verdadeira posição, não almejando estar em posição dos outros. Porém este pensamento pode causar com que a pessoa “incline o nariz pra cima”, colocando ênfase demasiada em si mesmo, “cultuando sua virtude orgulhosa”. Por este motivo e razão, continua Hilel ensinado o seguinte:

“E quando eu sou para mim mesmo” – mesmo quando eu cuido de mim mesmo, eu acordo ao arrependimento e me preocupo em observar os mandamentos – “O que eu sou?” – Qual é o valor das minhas ações? Eu  faço somente uma pequena parte do que devo fazer.

Será que a pessoa pode devolver favores a D'us por tudo o que fori recebido Dele?

Todos os seus grandes esforços são alguns grãos de areia da alta montanha que você deve escalar. Todas as suas conquistas brilhantes são consideradas como gotas individuais do oceano gigante que você tem que atravessar. Coloque isso no seu coração, para que você não fique orgulhoso, de modo que você nunca sentirá satisfação total com o seu atual estado espiritual, contentamento que traz descanso e o fim do esforço. É importante não deixar o esforço, porque estamos sempre no meio.

Você deve lutar pela grandeza e se alegrar – mesmo em pequenas coisas. Essa abordagem, que considera todas as realizações humanas, grandes e pequenas, também decorre do reconhecimento do propósito geral da vida. Quando o alvo é valioso e desejável, e a vida se torna muito preciosa, cada pequena conquista é de valor inestimável, e por outro lado, cada grande conquista não dá a sensação de que o forte foi ocupado, e de que a guerra terminou. Nós sempre continuamos a lutar, vencer, conquistar posições e avançar para o propósito da vida, para uma conexão firme e profunda com o Criador do Universo.

Se não for agora, quando?

A princípio, a mishná pode ser explicada como se estivesse referindo aos jovens, àqueles que a vida está à frente deles, enquanto podem fazer todas as mudanças positivas:

Agora você é jovem e cheio de energia, a energia e a agitação estão no auge de sua atividade. 

Agora é a hora de levantar e cumprir mitsvot, desenvolver, avançar, subir …

Se não for agora, quando você fará isso? Nos dias de velhice, nos quais você pode estar exausto, os doente e os machucado? Quando as forças do corpo são fracas, os recursos diminuirão, o tempo correrá preguiçosamente, e você estará andando com bengala?

Além disso, você deve saber que agora você é flexível e aberto a mudanças. Na velhice – os hábitos vão se enraizar. Quando você quiser corrigir suas virtudes, melhorar seu comportamento, será muito mais fácil mover uma viga pesada, do que mudar certa virtude mesmo sendo a mínima possível.
Você se identificou uma má virtude? Inclinação negativa? Agora é a hora de se livrar deles. Se você não fizer isso em sua juventude, será muito mais difícil no decorrer da vida.O melhor momento para fazer todos os belos programas é … hoje.

Mas na verdade, estas palavras são adequadas a qualquer pessoa em qualquer idade.

Junto com a rica experiência de vida, nunca é tarde demais. A mitzva do arrependimento está presente em todos os momentos da vida. Mesmo no último momento, podemos retornar, arrependendo de tudo o que foi feito durante a vida. Nunca é tarde demais. Em cada momento da vida, uma voz celestial sussurra em nossos ouvidos, “Se não agora – quando?” Neste momento, a comitiva celestial aceita e recebe de braços abertos, cada passo de sua aproximação.
 

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