As eleições terminaram. E no dia seguinte às eleições é o aniversário de falecimento de Nechama Leibowitz. Há 22 anos, faleceu a grande mestra da Torah, que mudou minha vida. Eu era uma jovem de 15 anos quando descobri sua maravilhosa série de livros sobre a porção semanal da Torah. Um novo mundo foi revelado. Um mundo que era todo consolo (NT. em hebraico “Nechama”, o nome da autora). Ela era uma mestra admirada, laureada com o Prêmio Israel – mas em sua lápide está escrito apenas “professora”. Assim ela pediu. E esse era, de fato, o título mais exato. Em vez de se estabelecer na torre de marfim acadêmica, Nechama queria tornar a Torah acessível a todos: ao motorista de táxi, ao soldado, ao novo imigrante, ao kibutznik – a todos ela conectou ao nosso eterno pulso, não importando em qual partido votaram. Ela o fazia em aulas e palestras, e posteriormente também numa empreitada inovadora, através de fascículos que eram enviados por correio, para todo o país. Logo na época do estabelecimento do Estado de Israel, quando tentaram questionar a importância da tradição, Nechama acrescentou ao movimento sionista a base obrigatória: Rashi, Ramban, Rabino Saadiah Gaon, Rambam. “Nosso objetivo não é aumentar a quantidade de informação”, ela disse uma vez a professores. “Nosso objetivo é aumentar o amor à Torah.” Para uma palestrante que certa vez se estendeu demais em suas palavras e falou em alto nível, ela a abordou e até a repreendeu: “O objetivo não é mostrar tudo o que sabemos.” E no início de um de seus livros, ela escreveu a seguinte frase maravilhosa: “Todos devem lutar por sua própria leitura da Torá, para uma leitura apropriada ao seu espírito e alma, que é única neste mundo, não existiu e nunca existirá novamente”. Desde os meus 15 anos, ela me faz procurar pela minha leitura.
*Em sua memória.