O passuk diz em Eicha, perek 2: קומי רוני בלילה נפש עועליך העטופין ברעב – Levante e chame Hashem durante a noite….pela vida de teus filhos pequenos que estão morrendo de fome.” Rav Shimshon Pincus, ztz”l, observou que a palavra utilizada para reza aqui, Roni, significa rezar com alegria (Rinah) e louvor para Hashem. Portanto, isso parece estar fora do lugar e ele pergunta: Porque uma pessoa deveria louvar Hashem com alegria se suas crianças estão morrendo de fome? Ele explica que, quando os portões Celestiais estão fechados e pessoas estão precisando de bênçãos, não existe uma maneira melhor de ter acesso a uma bênção do que cantando e louvando a Hashem em um estado de felicidade por apreciar tudo que Hashem lhe deu. Justamente num momento de dificuldades, conseguir perceber algum aspecto da bondade de Hashem apesar do sofrimento é algo poderoso. Quando uma pessoa mostra um rosto feliz para Hashem, então ה’ צילך , Hashem retribui e mostra uma face feliz, abrindo os portões de bênçãos para ela. Agradecer Hashem com sentimento e um apreço real, traz brachah.
Um jovem Rabino me contou que, há dois anos, ele rezou Shacharit um dia em uma sinagoga que não costumava frequentar. Era uma sexta-feira e todos os frequentadores saíram logo depois da reza. Ele estava sozinho na sinagoga e tinha um tempo livre. Ele resolveu fazer algo que nunca havia feito antes; foi até o Aron Hakodesh e começou a pensar em tudo que Hashem deu para ele. E com sinceridade disse obrigado a Hashem por cada uma das bênçãos recebidas. Nessa época, ele tinha dois filhos e lógico que agradeceu Hashem por cada filho.
Nessa mesma noite, uma hora antes de Shabat, seu filho de três anos caiu do segundo andar do seu prédio. A queda foi de cinco metros de altura direto no concreto. Uma testemunha disse que viu a criança dar uma volta no ar e cair de pé no chão. Milagrosamente, a criança estava chamando a mãe quando caiu no chão. Chamaram a Hatzalah e o menino foi levado imediatamente para o hospital. Quando chegaram no hospital, havia uma equipe de especialistas pronta para examinar a criança para qualquer tipo de ferimento. O primeiro médico fez exames para detectar hemorragia interna e o resultado foi negativo. O próximo médico verificou a respiração da criança e disse que estava normal. O próximo médico avaliou se havia alguma lesão cerebral e não detectou nada. Mais especialistas examinaram a criança; todos estavam chocados. O único ferimento encontrado no menino foi uma fratura do fêmur. Era realmente um milagre. Esse jovem Rabino fez uma grande seudat hodaa (refeição de agradecimento) para agradecer Hashem pelo milagre. Ele disse durante a seudah: “Quem sabe se meu obrigado naquela manhã, agradecendo Hashem por cada um dos meus filhos foi o que salvou a vida do meu filho.”
A razão pela qual ele me contou essa história agora é porque, justo outro dia, ele rezou mais uma vez naquela sinagoga. E, de novo, todo mundo saiu correndo depois da Tefilah e ele ficou sozinho. Dessa vez, ele tinha somente quatro minutos de tempo livre já que precisava correr para uma reunião. Ele foi até o Aron Hakodesh e agradeceu Hashem pelas bênçãos recebidas. Ele precisava de ajuda financeira mas, ao invés de gastar os quatro minutos pedindo dinheiro, decidiu utilizar esse tempo agradecendo Hashem.
Aproximadamente uma hora depois dele sair da sinagoga, ele recebeu dois bônus inesperados de duas fontes distintas. A notícia dos dois bônus chegou com quatro minutos de diferença. A quantidade exata de tempo que ele levou agradecendo Hashem naquela manhã. Ele recebeu um total de dez mil e oitocentos dólares e se encheu de hakarat hatov por Hashem por abrir os portões de bênçãos para ele.
Agradecer Hashem com sentimentos verdadeiros de alegria e gratidão pode fazer maravilhas.
Rav David Ashear