Muito se fala sobre as crianças iemenitas sequestradas. Sobre o legado roubado de outras centenas de milhares – escreve-se menos. Hoje é o dia do falecimento de um dos primeiros a identificar a ferida, ainda aberta: o Rabino Yeshayahu Meshorer, um dos rabinos do judaísmo iemenita, aluno da Yeshivat Mercaz HaRav e um entusiasmado sionista. Já em 1943 escreveu artigos afiados para a imprensa sobre as falhas na absorção dos imigrantes. Ele documentou – talvez em primeira mão – o corte das peot: “O monitor raspou suas peot, dizendo: em Eretz Israel precisam estar limpos como soldados e não é bom ter peot como na Diáspora. Aqui nos renovamos e nos tornamos novas criaturas e não precisamos dos costumes da Diáspora”. Depois de outra visita ao campo de absorção, ele escreveu: “me contou o idoso do grupo, com os olhos realmente cheios de lágrimas, que o monitor não lhes permite rezar Shacharit (reza matinal), com a desculpa de que não há tempo e que deveriam sair para trabalhar. Cada vez, ele inventa outras razões. “Não importa o quão cedo nos levantemos, ele diz que não há tempo. Como se estivesse determinado a nos impedir de rezar, e quem desobedece e fica para orar – não é enviado para o trabalho.” E o idoso termina com palavras que penetram o coração: “viemos para nos santificar ainda mais com a santidade da terra e não para diluir o tesouro espiritual que nossos pais e os pais de nossos pais nos legaram”. Um longo tempo passou, mas ainda há algo a ser corrigido para que a missão sionista esteja completa. Como o próprio Rabino Meshorer escreveu: “Três amores estão aninhados no coração dos judeus do Iêmen: o amor à Torá, ao serviço divino e ao trabalho; amor ao povo e à terra; e o amor ao Criador e às criaturas”.
Em sua memória.