Uma família duas ideas

Desenvolvendo uma comunicação construtiva

É normal que duas pessoas não se entendam. Mesmo sendo elas marido e mulher, ou pais e filhos. D'us criou o mundo com cabeças diferentes para que nos esforcemos em nos unir apesar das nossas diferenças, mudemos a nossa maneira de pensar e cedamos em nossas vontades a favor de uma maneira de pensar e viver conjunta. O homem só atinge sua perfeição quando consegue, no decorrer dos anos, tomar decisões que agradem a ele próprio e, ao mesmo tempo, às pessoas que o cercam. Para isso, ele precisa mudar.
 
Conversar significa criar pontes para que duas partes que nasceram separadas se tornem cada vez mais uma só, e isso só é possível ouvindo o que o outro tem a dizer, e expondo os seus pontos para que o outro ouça. Mas temos medo. Às vezes, parece que se iniciarmos um assunto, muitos pontos de discórdia que estavam adormecidos irão despertar e causar dores. Mas a verdade é que esses pontos, por mais que pareçam adormecidos, quando não trabalhados, sempre acabam despertando e se manifestando de alguma maneira, seja por meio de ressentimentos, mágoas, nervosismo que não sabemos de onde vieram, que não parecem estar ligados com aqueles assuntos delicados, mas que, na verdade, estão. Então, por mais que tenhamos de saber como não deixar esses assuntos invadirem os outros aspectos dos nossos relacionamentos que, sim, são saudáveis, eles devem ser, ocasionalmente, em momentos de calma, abordados. Seguem os passos para uma conversa realmente construtiva:
 1. Converse sobre assuntos conflituosos apenas em momentos bem definidos. No restante do tempo, deixe esses assuntos de lado e fortaleça a amizade, explorando os pontos em comum. Quando o assunto delicado for abordado deve-se, em momentos adequados, tomar a iniciativa de tocar no assunto e deixar a outra parte falar. Isso deve ser feito em momentos calmos. Você vai apenas entrevistar, sem julgar, sem mostrar o seu ponto de vista, sem dar qualquer conselho ou apresentar soluções. Apenas ouvir e perguntar, como se estivesse entrevistando essa pessoa. Alguns exemplos:

 
-Como você se sente tendo um marido tão apegado à Torá?
-Me explique melhor essa sua preocupação quanto ao meu futuro profissional.
-Então, quer dizer que você está preocupado com as amizades dos nossos filhos na escola…
-Me fale qual é a sua sensação quando está na sinagoga… Conforto? Prazer? Segurança?
 Bat Mitzvah
Você deve estar se perguntando de que adianta ouvir sem trazer soluções ou conselhos? Na verdade, não apenas adianta muito, como também é a parte mais importante. Possibilitar a uma pessoa falar o que sente, mesmo que você possa não ver lógica nenhuma no que ela está dizendo, gera confiança e conforto e, automaticamente, as resistências vão caindo. Se a pessoa não estiver aberta para entrar na conversa, demonstre e prove com gestos que você realmente está interessado (a). Se não conseguir, peça a ela que o acompanhe a um intermediário (Rabino, psicólogo, amigo…) para que ela se sinta mais à vontade em se abrir. Nessa entrevista, muita coisa que você não gostaria de ouvir poderá vir à tona. Mas seja forte, ouça, tudo isso é coisa ruim que está saindo. Você não precisa concordar, mas precisa deixar claro que se importa e, assim, será cada vez mais bem-vindo e convidado a entrar em seu mundo.

2. Agora que você já ouviu, se a outra parte estiver de bom humor e podendo ser em outro dia, diga que assim como você a ouviu, gostaria também de ser ouvido, sem ser julgado. Expresse-se de maneira respeitosa, escolha palavras suaves, fale sobre você, e não sobre ela. Não acuse e, nesse momento, aproveite para propor soluções que agradem a ambos.

 
Repita e aprofunde esse processo com a frequência que você achar mais saudável. Ao longo do tempo, podendo durar anos, os resultados provavelmente serão muito amplos e haverá uma significativa reaproximação e aceitação mutuas; a parte não religiosa aceitará a religiosa do jeito que é e vice-versa, e isso poderá abrir espaço para um crescimento espiritual conjunto e real.

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