Ultimamente, é como se os israelenses estivessem enviando duas mensagens contraditórias: reclamações sobre a necessidade de estar com as crianças em casa, por um lado, e vídeos emocionantes sobre casamentos à sombra do corona, por outro. Em outras palavras, mesmo enquanto continuamente resmungamos e reclamamos sobre a própria situação familiar, ficamos entusiasmados com cada jovem casal que está prestes a iniciar uma família própria.
Ontem apareceu um videoclipe de um casamento na yeshiva Mercaz Harav em Jerusalém. Os estudantes dançavam à distância do casal nas varandas dos dormitórios da yeshiva. Vi esse vídeo aparecer em grupos do WhatsApp em nosso bairro aqui em Nova York. Em instantes, a simples alegria de um jovem casal montando sua casa em Jerusalém trouxe lágrimas aos judeus americanos.
Sei que todos já ouvimos muitas ideias sobre o significado desse vírus, mas agora, talvez ele tenha concentrado nossa atenção principalmente no lar. Nosso lar. Sete voos de avião que planejei para comunidades judaicas nos Estados Unidos foram cancelados. Nós nem vamos ao shopping ou a um restaurante. Estamos apenas em casa, o tempo todo em casa. Ontem, quando o tédio das crianças atingiu seu auge, tentei convidar um amigo para nossa casa, mas os pais recusaram. Corona. Neste momento, trata-se apenas de nossas famílias e do que estamos construindo dentro de nossas quatro paredes. É muito mais desafiador do que sete palestras. Há uma expressão de nossos sábios segundo a qual “os muros de nossa casa testemunham quem somos”. Em outras palavras, mais do que qualquer coisa que fazemos fora, o que construímos dentro das quatro paredes de nossas casas é mais importante. Corona nos deu lição de casa, uma palavra com duplo significado nesses tempos únicos.