Parashat Beshalach

Kriat Yam Suf – A abertura do mar vermelho

Além dos milagres que foram feitos para o povo de Israel no Egito, eles experimentaram mais cinquenta milagres no Mar Vermelho. D'us, conduz o mundo com precisa supervisão pessoal para cada uma das pessoas e paga a cada um sua recompensa de acordo com  o que merecem. 

Deste modo foi a divisão do mar vermelho.

Adiante apresentaremos uma descrição do que aconteceu na divisão do mar vermelho:
Sete nuvens de glória cercaram o povo de Israel ao saírem do Egito. Quatro nuvens dos quatro lados – leste, oeste, norte e sul. Outra nuvem estava sobre eles para protegê-los do sol e do vento. Outra nuvem estava a seus pés para que não se firam com os espinhos, cobras e escorpiões e outras pragas que estavam no deserto. Outra nuvem passou diante deles, tirando todos os possíveis obstáculos (vales e montanhas), para não dificultar a passagem do povo no deserto. 

O povo de Israel andou pelo deserto dentro de uma caixa de nuvens como se estivessem em um navio. Um dos lugares em que estavam estacionados chamava-se Sucot (cabanas), porque ficavam ali estavam sentados calmamente, parecendo estarem numa sucá protegida.
Todas as noites, uma coluna de fogo os precedia e espalhava uma luz brilhante como a luz do dia, até que não houvesse diferença entre o dia e a noite. Um vento do norte não soprava durante os quarenta anos em que o povo de Israel andava no deserto, para que as nuvens da glória não se dispersem.

D'us colocou na mente do Faraó e de seus servos a ânsia de perseguir o povo de Israel, um passo inconcebível na lógica humana. Na praga dos primogênitos, o próprio Faraó levantou-se no meio da noite, chamou a Moshe e Aharon e implorou-lhes que deixassem seu país. Ele nem lhes dava tempo para preparar toda a estrutura para o caminho. Os egípcios também pediram ao povo de Israel que partissem de lá imediatamente, por receio de que também morreriam nesta terrível praga. Com este entendimento, como seria possível que em poucos dias, simplesmente “trocaram de opinião” esquecendo todas as pragas recebidas no passado?

De fato, D'us, agiu de forma anti-natural e pôs esta ideia na mente dos egípcios, com o fim de puni-los exatamente pelos atos feitos por eles, e também para afogá-los no mar. Além disso, D'us facilitou a eles a perseguição para não recuaram, e durante a perseguição, nenhum dos egípcios se cansou no caminho, embora estivessem viajando rapidamente. Também é bem possível que dentro deste batalhão alguns dos soldados ficasse doente pelo esforço do caminho, e muito mais ainda o rei e os ministros eram mimados e acostumados a descansar como escravos perante a eles, que deveriam estar cansados ou doentes. Porém D'us arrumou tudo para que não haja nenhum sinal de doença ou fraqueza, para que não desistam desta perseguição. Todos os egípcios que saíram do Egito em direção ao Mar Vermelho chegaram são e salvos em suas caruagens, pois todos estavam propícios a serem afogados no mar.

Na sétima noite da Pessach, a coluna de nuvem que estava na frente do povo de Israel, foi para a parte de trás. Ela estava meio iluminada e meio escura. A metade escura estava direcionada aos egípcios e a metade iluminada estava direcionada ao povo de Israel. A escuridão era palpável, como na praga da escuridão. Os egípcios que estavam sentados não podiam ficar de pé, e aqueles que estavam de pé não podiam se sentar. Um raio de luz tremeluzia de vez em quando da direção do acampamento do povo de Israel, demonstrando que o povo de Israel estava comendo, bebendo e regozijando-se, enquanto eles próprios não podiam sequer se mover. Assim os egípcios receberam sua punição por escravizar o povo de Israel com trabalhos forçados enquanto eles se sentavam e se divertiam.

Mais tarde, os egípcios dispararam flechas e lanças para atingir o povo de Israel. Os egípcios eram uma força muito grande – contra trezentos egípcios havia um judeu. Naturalmente, até mesmo se cada um dos egípcios lançasse um punho cheio de terra, provavelmente enterrariam vivos a todo povo de Israel, e mais ainda ao lançarem  lanças e flechas. Porém D'us fez um milagre, e a nuvem que separa-os dos egípcios protegeu-os, não os prejudicando de forma alguma. Não só isso, as flechas e lanças voltaram para o acampamento dos egípcios como boomerang.

Quando o povo de Israel entrou no mar e a água chegou até seus narizes, D'us realizou o milagre da divisão do Mar Vermelho. No início, a água congelou e secou por ordem Divina, e em seguida o mar foi dividido.

Na hora da divisão, o mar soou tão alto quanto o gemido do leão. Este som foi ouvido de no mundo inteiro.

Consta na Torá (Shemot 14:21) ” e se dividiram as águas”, e não está escrito ” e se dividiu o mar”. Isto significa que todas as águas no mundo, tanto em um copo d'água, quanto nos lençóis d'águas, as águas se dividiram.

Quando todas as nações viram a divisão das águas, veio um grande temor em seus corações, como consta na Torá (Shemot 15:14-15).

O mar foi dividido em doze seções, criando doze caminhos no mar, um caminho especial para cada tribo. As seções do mar não foram divididas de uma vez, mas sim a cada passo que o povo de Israel dava dentro do mar, o mar abria mais uma parte. Isto é para que o povo dependa em qualquer circunstância da misericórdia Divina, e se fortaleçam no grau de segurança em D'us.

Quando Israel atravessou o mar, as profundezas do mar secaram e tornaram-se sólidas, como se nunca antes tivesse passado água por lá. O fundo do mar secou não em um único bloco, mas era como um mosaico de pedras de mármore. 

“As profundezas do mar congelaram” – estes são os lugares profundos onde a água congelou e permaneceu no lugar para que o povo de Israel caminhasse por lá como se fosse uma planície. 

O mar se dividiu em forma de arco, portanto, o povo de Israel não saiu do mar no lado oposto ao que entraram, eles saíram do mesmo lado que entraram. Deste modo, os egípcios afogaram com mais facilidade.

Para demonstrar sua afeição pelo povo de Israel, D'us fez com que a água congelada tivesse uma forma de kipá sobre suas cabeças. As paredes que separavam entre as trilhas de cada tribo, eram feitas de safiras e diamantes puros e pareciam janelas como uma pedra preciosa. As pessoas de cada tribo viram as tribos que eram paralelas a elas, pois a coluna de fogo que as precedia as iluminava, e sua luz era refletida nas paredes.

Quando o povo de Israel caminhou no mar, as crianças começaram a chorar pedindo comida. Imediatamente, D'us, fez aparecer a árvores cheias de frutos que cresciam dos dois lados de cada trilha de cada tribo.

D'us, fez o mar para Israel como uma casa nos céus, que satisfaz a alma do homem. D'us soprou um vento do Jardim do Éden, e dele vieram os cheiros bons.
Do mar saíram águas doces e o povo de Israel bebeu desta água. Os egípcios que estavam sofrendo com a sede beberam desta água e desmaiaram. 

Haviam pessoas fracas e pessoas de idade no povo de Israel, que segundo a natureza, passaria muito tempo até atravessar o mar. Porém D'us fez vários milagres e entre eles, que estas pessoas passaram na mesma noite o mar com bastante facilidade. 

As águas congelaram e ergueram paredes tão altas, que todos os povos em qualquer lugar do mundo as viram e ficaram assustados com este fenômeno. O vento soprou duas ações contraditórias; Por um lado, ele congelou a água para os povo de Israel e, por outro lado, derreteu o gelo para afogar os egípcios. Um milagre dentro de outro milagre.

D'us faz diversos milagres, porém estes milagres se vestem com uma roupa natural, para que a pessoa possa ter o livre arbítrio. Portanto, D'us fez com que o vento soprasse todo o dia e toda a noite, para que as paredes de água se mantessem erguidas, e não caíssem. 

Os egípcios perseguiram o povo de Israel e entraram no mar. Aqui também ocorreu um grande milagre: Os egípcios ficaram cegos e pensavam que o mar era o deserto. Naturalmente, eles tiveram que voltar para trás ao chegarem na beira do mar, sabendo que o milagre da abertura do mar era somente para o povo de Israel. Porém a Torá escreve (Shemot 14:4): ” E fortaleci o coração do Faraó e persigiurá…”. Isto foi um castigo feito por medida, por terem afogado os nenéns do povo de Israel no mar.

Os egípcios também perderam o senso de audição e não ouviram o som do mar, eles também não sentiam o cheiro do mar, porque o cheiro do mar havia sido eliminado. Eles também sentiram que as paredes que sustentavam eram a água do mar congelada. Muitas pedras caíram sobre eles e os mataram.

Os egípcios se moviam como morcegos e não percebiam que estavam entrando no mar. Na escuridão densa, pensavam que o povo de Israel estava andando nas margens da praia e não entrando no mar.

Quando a manhã iluminou o mundo, os egípcios viram a situação e perceberam que estavam num beco sem saída.

A coluna da nuvem transformou toda a chuva em barro e os egípcios afogavam-se nela. Foi um castigo dado por medida, ao terem forçado o povo de Israel a se ocupar com barro durante a escravidão.

A coluna de fogo desceu e aqueceu o fundo do mar até que os cascos dos cavalos do exército egípcio caíram de seus pés. Isto é o significado do escrito na Torá  (Shemot 14: 24): “E o D'us refletiu o acampamento do Egito na coluna de fogo e nuvem”; D'us puniu os egípcios tanto na coluna de nuvem que transformou o fundo do mar em barro, como na coluna de fogo que ferveu o barro.

Quando os egípcios caíram no mar, a terra ficou sólida e foram atingidos por ela. A água empilhada acima deles, a água que estavam à direita e à esquerda, tinha congelou como pedras e caiu sobre suas cabeças.

Além disso, pedras e brasas de fogo e granizo caíram do céu. As flechas que foram mandadas na direção do povo de Israel, voltaram aos egípcios.

D'us removeu uma das rodas das carruagens dos egípcios. Quando os egípcios viram a deterioração iminente, quiseram retornar à terra, porém a carruagem que estava sem roda, foi arrastada para as profundezas do mar. Os egípcios tentaram usar magia para sair do mar, e eles já haviam começado a sair, até que veio o ministro do mar e disse: um depósito dado a mim por 

D'us, deixarei que saia de mim com facilidade? Imediatamente as carruagens começaram a girar de um lado para o outro e derrubaram os cavaleiros nas profundezas.

A maioria dos egípcios caiu das carruagens e não conseguiram levantar, pois ficaram pesados como o chumbo. 

Na Shirat Hayam (cântico de louvor pelo milagre da abertura do mar), foram mencionadas três linguagens sobre os egípcios: “Desceram nas profundezas como uma pedra” (Shemot 15: 5), “Eles mergulharam como chumbo” (Shemot 15:10), “…como palha” (Shemot 15: 7) Os completamente perversos flutuaram como palha e a água os sacudiu por um longo tempo até que eles se afogaram, os perversos de nível médio desceram como pedras, e também foram sacudidos. Aqueles que eram menos perversos mergulharam como chumbo e sofreram menos.

É lógico que os egípcios que ainda não entraram no mar fujam e retornem à terra quando viram a água ameaçando inundá-los; Mas milagrosamente eles fugiram para o mar. Aqueles que já estavam no mar tentaram voltar, mas seus cavalos não quiseram voltar. Pelo contrário, eles entraram na água com força, como se estivessem estimulados para perseguir o povo de Israel naquela direção. Havia também egípcios que afundaram na lama e não conseguiram se mexer.

De modo geral, a água congelada derrete lentamente, mas aqui a água se derreteu de uma só vez e afogou os egípcios como se nunca tivessem sido congelados. O mar era forte e sólido como uma rocha quando o povo de Israel passou por ele, e logo quando o povo terminou a passagem pelo mar, a água derreteu, de modo que nenhum egípcio foi salvo exceto Faraó.

Havia três tipos de lugares no mar: Mar Vermelho e não é um lugar profundo. Profundezas que é um lugar mais profundo. Abismo que é o mais profundo. D'us queria punir os egípcios e esgotar suas forças, sem que descansem por nenhum momento. Depois que eles se afogaram no Mar Vermelho, Ele os moveu às profundezas e, das profundezas, eles caíram no abismo. O abismo engoliu a maioria deles.

A água retornou às suas fundações e fechou o mar. Nos céus houve uma reclamação do acusador dizendo: por que salvarei o povo de Israel mais do que os egípcios, uma vez que os dois são idólatras? O povo de Israel estava em momento de perigo, aprisionados no mar. Moshe disse a D'us: “Senhor do Universo, como o povo de Israel será salvo nesta situação?” D'us lhe disse: “Eu farei um milagre para eles”. Ele ergueu o povo de Israel, de modo que ficaram pendurados e flutuaram no ar até que eles vieram à terra.

Havia incrédulos em Israel que reclamavam a D'us (apesar de todos os milagres que tinham experimentado no mar), dizendo: “Qual é a utilidade da divisão do Mar Vermelho? É possível que quando deixamos o mar de um lado, os egípcios apareçam do outro lado”. Mesmo assim 

D'us salvou-os e fez mais um milagre para enaltecer Seu grande nome.

D'us ordenou que a terra do Egito subisse acima, de modo que aqueles que ali permaneceram vissem os egípcios caindo no mar. Eles também foram punidos como seus amigos no mar. O mar saiu de sua fronteira e chegou ao Egito para afogar os egípcios que permaneciam no Egito. Todos viram que a mão de D'us estava agindo contra eles de maneira não natural.

Os egípcios não morreram no mar, eles ainda estavam vivos quando o mar os emitiu. Isto foi feito para que vissem com seus próprios olhos que todo o povo de Israel foi salvo do mar, o que lhes causaria grande tristeza.

Isso também foi feito para Israel, para que eles reconhecessem seus inimigos e os espancassem por tudo que lhes haviam feito no Egito. No trabalho árduo do Egito, os invasores egípcios estavam no comando dos policiais judeus, e os espancavam por cada tijolo que faltava na cota de tijolos. Agora cada um chega ao seu castigo e recebe o que ele merece do policial judeu, e só então ele morre.

Israel também viu o supremo ministro do Egito morrer, como está escrito: “E o povo de Israel viu o Egito morto na praia”. A palavra “morto” é dita no singular, porque é atribuída ao ministro egípcio. Foi um grande milagre, porque carne e sangue não costumam ter o poder de ver um anjo que é espiritual.

O faraó foi salvo do maremoto. Houve um grande milagre em seu resgate; Ele conduziu a entrada do povo no mar de modo que a água o tivesse atingido primeiro, e ele deveria ser o mais ferido. Ele foi salvo, para anunciar e divulgar a grandeza de Deus. Além disso, o faraó se arrependeu enquanto estava no mar, e contra o que ele disse no início das pragas (Shemot 15:11): ” Quem é D'us que devo escutar sua voz?”. Agora ele disse: “Quem é como você nos outros deuses, D'us?”.

D'us fez com que Faraó não retornasse ao Egito. Ele foi o rei da cidade de Nínve, cidade sobre a qual o profeta Yoná recebeu profecia para que se arrependam e que em consequência o profeta fugiu ao mar. Em minchá de Yom Kipur, é lida esta passagem.

O povo de Israel ficou muito rico ao venderem copos d'água aos egípcios na praga de sangue, e também por pegarem os pertences dos egípcios na saída do Egito e também por causa dos tesouros que Yosef coletou. Para que saibamos as grandiosidades deste milagre, o povo de Israel não perdeu nem um centavo no mar.

Quando o povo de Israel saiu do Egito, tomaram os pertences do povo egípcio, mas não da corte real. Quando os egípcios perseguiram o povo de Israel, Faraó decorou todos as carruagens com pedras, joias, ouro e prata. Seu objetivo era aumentar a motivação de seu povo na perseguição ao povo de Israel. Todo esse bem, foi conqusitado pelo povo de Israel. D'us decretou que o mar expelisse todo o equipamento dos egípcios que estavam cheios de dinheiro, ouro e boas pedras e lanças, e toda a abundância veio diretamente para as mãos de Israel. Segundo o que consta no Shir Hashirim (1:11), o tesouro trazido do Egito, era considerado como prata em relação ao tesouro do mar que era considerado como ouro.

Todos o povo de Israel tiveram o mérito da profecia e recitaram o cântico do mar (shirat hayam), junto com Moshe Rabenu; As crianças também subiram ao posto de profetas e até mesmo os fetos recitaram esta cântico. Todos os membros do povo alcançaram naquele momento, um nível alto de profecia, que nem mesmo o profeta Yechezkel alcançou. 

Para chegar ao nível de profecia, é necessário uma grande preparação, mesmo àqueles estão acostumados a recebê-la. Mesmo assim, dois profetas não recebem profecia no mesmo estilo. E aqui, o povo de Israel que eram centenas de milhares de pessoas que nem sequer se prepararam para serem dignos de profecia. Pelo contrário, eles estavam cansados, por causa do esforço da saída do Egito, receberam profecia sobre eles, e recitaram o cântico de forma homogênea. 
 

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