Tu BeAv

O que comemoramos em Tu B’Av?

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Menos de uma semana depois de Tisha BeAv – o dia mais triste do calendário judaico – acontece Tu BeAv – o 15º dia do mês de Av. Tu B’Av é um dia de felicidade, tranquilidade e amor em Israel. A Mishna descreve Tu B’Av em Israel de antigamente como um dia em que as moças solteiras usavam roupas brancas emprestadas e dançavam nos vinhedos com a esperança de encontrar um marido adequado. Os sábios da Mishna afirmam: “Não havia feriado tão bom quanto Tu B’Av e Yom Kippur para Israel”.

Antigamente, Tu B’Av era realmente um feriado celebrado. Agora que não temos o Templo, nossa felicidade é canalizada para o aprendizado da Torá. Atualmente, é considerado um “feriado menor”, no qual não fazemos tachanun (uma oração triste que não é feita em dias festivos). As noivas e os noivos que normalmente são obrigados a jejuar no dia do casamento não jejuam em Tu B’Av.

O Talmud em Bava Batra menciona 6 acontecimentos felizes na história judaica que aconteceram em Tu B’Av:

1. O povo parou de morrer no deserto: Depois que D’us decretou que a geração do deserto não entraria na Terra Santa, o que aconteceu em Tisha B’Av, todos os anos 15.000 homens morriam. Na noite de Tisha B’Av, os homens cavavam covas e dormiam nelas. Os que morriam eram enterrados ali mesmo e os demais agradeciam por mais um ano. No último ano, os 15.000 restantes deitaram-se em suas sepulturas sabendo que aquela seria sua última noite na Terra. Eles choraram de arrependimento e ficaram gratos por terem sido deixados por último. Mas Deus os perdoou e todos se levantaram do que pensavam ser sua sepultura. Entretanto, como não havia calendários impressos e eles santificavam os meses lunares por meio de testemunhas da lua nova, eles pensaram que talvez tivessem cometido um erro e se deitaram em seus túmulos novamente. Até a noite de Tu B’av, quando a lua cheia deixou claro que eles foram perdoados e viveriam. Eles transformaram esse dia em um feriado em gratidão a D’us por tê-los poupado e anulado Seu decreto.

2. Foi permitido que as tribos se casassem umas com as outras: Desde a época de Moisés, uma filha que herdasse a terra de seu pai era proibida de se casar com outra tribo por causa da herança. Os sábios estudaram os versículos e concluíram que isso era verdade apenas na época de Moisés e que as gerações seguintes poderiam se casar com outra tribo. Isso aconteceu em Tu B’Av.

3. Foi permitido aos homens da tribo de Benjamim, que foi condenada ao ostracismo, se casar por conta própria: Após a história de “A Concubina de Givá”, a nação judaica, chocada com a conduta da tribo de Benjamim, jurou que não daria suas filhas a essa tribo. A tribo foi quase dizimada, restando apenas 600 homens, e o povo percebeu que a extinção de uma tribo era uma tragédia que precisavam evitar. Eles não podiam anular o juramento de não dar suas filhas à tribo, mas incentivaram suas moças a se disponibilizarem para se casar com um jovem de Benjamim se ela fosse levada por um deles. Elas se vestiram de branco e foram tomadas em casamento pelos jovens de Benjamim, e a tribo sobreviveu. Isso aconteceu em Tu B’Av.

4. O rei Hoshea Ben Aleh anulou os guardas e barreiras estabelecidos pelo rei Jeroboam ben Nevat:  Quando Jeroboam ben Nevat separou o Reino de Israel do Reino da Judeia, ele temia que as pessoas quisessem visitar Jerusalém e ver o rei da Judeia, da descendência de Davi, sentado no templo. Ele era a única pessoa a quem era permitido esse privilégio. Por isso ele fez bezerros de ouro em Dan e Beersheva, onde os judeus de seu reino eram ordenados a reverenciar no lugar. Além disso, ele montou guardas e bloqueios nas estradas para impedir que o povo de seu reino fosse a Jerusalém. Esses bloqueios duraram até o fim do Reino de Israel, quando Hoshea ben Aleh derrubou os bloqueios e os guardas e anunciou: “Qualquer um que quiser pode visitar Jerusalém”.   Ele anulou os bloqueios e os guardas em Tu B’Av, dando-nos outro motivo histórico para comemorar.

5. O dia em que paravam de cortar madeira para as chamas do altar no Templo: Até Tu B’Av, o solo era considerado quente o suficiente para que a madeira para o altar não ficasse com vermes. Depois de Tu B’Av, começava a esfriar. Então em Tu BeAv eles paravam de trazer madeira para o altar. O dia era chamado de “o dia em que quebramos nossos machados”, quando concluíam com sucesso a mitzvá daquele ano e comemoravam a realização da mitzvá.

Essa dádiva era considerada muito importante no Segundo Templo, pois havia uma escassez de madeira e nossos inimigos esperavam em uma emboscada pelos coletores de madeira, que arriscavam suas vidas para cumprir essa mitsvá.

6. Os cadáveres de Betar foram enterrados:  O imperador Adriano destruiu Betar e desprezou os cadáveres, usando-os para cercar seu vinhedo e o seu sangue para fertiliza-lo por sete anos.  Em Tu B’Av, ele permitiu o enterro deles. Nossos sábios instituíram a bênção de ‘Hatov Vehametiv’ – O Bom (D’us) que faz grandes bondades”, em gratidão por finalmente poderem sepultar os massacrados. Em segundo lugar, quando foram enterrá-los, descobriram que, depois de anos ao ar livre, os corpos não se deterioraram. Algumas pessoas têm o costume de beber vinho para lembrar o milagre que aconteceu nos vinhedos.

Há algumas opiniões sobre esses acontecimentos terem acontecido no mesmo dia. Uma opinião é que esses seis episódios expressam o amor que os judeus tinham uns pelos outros, o que demonstra arrependimento pelo ódio gratuito que provocou a destruição do Templo em Tisha BeAv. Similarmente, uma segunda opinião diz que os episódios foram a reparação da situação anterior, errada ou difícil. Os judeus são comparados à luz. Em Tu BeAv a lua está cheia, assim celebramos a nossa existência após o declínio passado com a perda do Templo.

Uma terceira opinião é que o denominador comum entre os seis episódios é nosso relacionamento com D’us.  D’us perdoou gentilmente os 15.000 e ajudou a honrar os mortos em Betar, não deixando que seus corpos se decompusessem. Tentamos trazer madeira para o altar, arriscando nossas vidas por D’us. Os guardas e os bloqueios nas estradas são removidos para que os judeus possam se aproximar de D’us. As tribos encontram uma solução para se casarem umas com as outras, trazendo paz em vez de animosidade. Tu BeAv é um dia em que o nosso amor puro com D’us e com nossos semelhantes se intensifica.

Segundo a cabalá, Tu BeAv é um dia de aumento de felicidade e Torá. Devemos tentar aprender um pouco mais de Torá nesse dia, como está escrito no Zohar e no Chida. Depois de Tu BeAv, as noites ficam mais longas no hemisfério norte e aprender Torá à noite é bem-visto e considerado como servir no Templo durante o dia. Ambos trazem dos céus a generosidade de D’us.

O mundo foi criado no dia 25 de Elul, portanto, Tu B’Av acontece 40 dias antes. Por esse motivo, é considerado um bom momento para começar a fazer contas e se arrepender à medida que nos aproximamos de Rosh Hashaná e Yom Kipur. Algumas pessoas costumam desejar um bom ano a seus amigos a partir de Tu b’Av.

Que D’us faça de Tu B’Av um feriado novamente, como nos dias de outrora, com o nosso Templo reconstruído. E Shaná Tová!

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