Claridade na transmissão da Torá
O Tana Avtalyon era conhecido por ter uma grande bondade em grande escala. Ele era pai dos órfãos. Mesmo com sua grandeza na Torá e seu papel como chefe do Beit Din, ele encontrou tempo para se dedicar aos pobres e aos fracos – para levantá-los e apoiá-los. Portanto, seu nome é Avtalyon – o pai dos pequeninos (no aramaico a palavra “talya-טליא“refere-se a um cordeiro pequeno-uma criança pequena).
Avtalyon instruiu os sábios a mostrar responsabilidade por cada palavra que sai da boca, de modo que não saia nenhuma falha de suas palavras.
Sábios, tomem cuidado com suas palavras.
O grande status dos sábios aos olhos de todas as pessoas, e o grande peso dado a cada palavra, exigem-os que cada palavra e cada comportamento seja feito com extrema cautela. Quando falam halacha ou ideias no campo do pensamento e da filosofia, tais palavras devem ser ditas em linguagem clara, para que não sejam interpretadas de duas maneiras. Eles têm que tomar cuidado com o que dizem, e se é o momento e o local apropriados para que suas palavras sejam ditas. Acima de tudo, eles devem servir como exemplar para todas as pessoas, principalmente para dar respaldo à suas orientações.
Pois talvez (por causa das palavras não esclarecidas), vocês estarão sujeitos ao exílio, e serão exilados a um lugar de águas malévolas.
Para ilustrar seu ensinamento, Avtalyon compara a Torá à água. A água é capaz de saturar a sede e reviver a alma. No entanto, quando a água passa por uma fonte suja ou poluída, se tornam poluídas, e põem em risco aquele que às bebe. Essa comparação, o sábio deve sempre tê-la perante a seus olhos. Ele deve internalizar e lembrar: uma palavra que é dita nunca é perdida. Ele entra no ciclo do fluxo global e transforma em bebida para os estudantes e os alunos dos estudantes até o fim dos tempos.
Portanto, o sábio deve ter cuidado para que, no futuro, não hajam consequências indesejáveis e que para isso deve tomar o mínimo cuidado.
E de tal modo (que não tomam cuidado com suas palavras), o nome dos céus será profanado.
Aqueles com visões inaceitáveis e percepções erradas podem explorar qualquer linguagem implícita pelo sábio para interpretar maliciosamente a Torá, de acordo com sua falsa crença.
O próximo estágio será inevitável: os alunos ouvirão suas interpretações distorcidas, pensarão que esta é a opinião dos próprios sábios e, em vez de beber de um poço de água viva, eles beberão água envenenada.
O resultado é que eles vão beber e “morrer” – uma morte espiritual e trazer a profanação do nome de D'us. As pessoas verão que os alunos vão para uma cultura ruim e culparão os sábios, que supostamente de suas bocas saíram tais palavras profanas.
Choro por várias gerações
Quando contamos a história das seitas que se afastaram de nosso povo, encontramos às vezes uma ligeira perturbação, uma sutil decepção que levou, ao longo das gerações, ao desenvolvimento de teorias que negam a autentidade da Torá.
Tsadok e Baitus, os alunos do Tana Antignos homem de Socho, ouviram dele uma orientação para servir á D'us, sem esperar uma recompensa.
Eles tiraram conclusões errôneas sobre a recompensa no mundo vindouro, e apartir daqui renegaram totalmente a interpretação da Torá Oral. Eles criaram e fundaram duas seitas: Tsadukim e Baitussim.
Temendo a criação destas seitas e as parecidas com elas, Avtalyon achou necessário alertar contra o perigo de dizer as coisas que podem ser interpretadas de duas maneiras.
Na verdade, a chamada vai principalmente para os sábios, mas igualmente, é dirigida a nós, a cada pessoa que divulga seus pontos de vista em público: cuidado com o que você diz, cada palavra sua cria ecos e ondulações. Portanto, devemos medir nossas palavras com cuidado. Mantenha sua boca como fonte de água pura.
Ensinar com dedicação para que a Torá esteja sempre clara
O significado daqui é, que a Torá deve ser outorgada de um Rabino a seu discípulo do modo mais claro possível. Para este fim, o Rabino deve fazer um grande esforço para transmitir tudo de forma muito clara, para que a aprendizagem do aluno será clara como o dia. Somente aqueles que tem o verdadeiro dom de amor pela Torá em espadas, pode esclarecer tudo de modo mais transparente possível. Para refletir e aprofundar mais neste ensinamento, devemos estudar o que consta noTalmud.
Eruvin 54b
Rabi Preida tinha um aluno que somente após de que lhe ensinou um assunto quatrocentas vezes, tal aluno aprendia. Certa vez, Rabi Preida estava estudando com este aluno, e no meio do estudo vieram certas pessoas a convidar Rabi Preida para um evento de mitsvá. Rabi Preida lhes disse, que após de terminar o estudo com seu aluno, iria ao evento com prazer. Após de explicar a seu aluno quatrocentas vezes, o aluno não captou. Perguntou-lhe Rabi Preida, por que desta vez não captastes nada? Disse o aluno, desde o momento que vieram lhe convidar para tal evento, desviei minha atenção e fiquei desconcentrado, por receio que em qualquer dado momento o Rabino teria que sair,e, portanto, não captei absolutamente nada. Rabi Preida ensinou-lhe o assunto mais quatrocentas vezes, e não saíria dali para o evento de mitsvá, até que seu aluno estivesse dominando totalmente o assunto estudado.
Após que o assunto ficou claro para o aluno de Rabi Preida, saiu uma voz do céu lhe perguntando: você quer mais quatrocentos anos de vida em recompensa pelo imenso esforço e dedicação à este aluno, ou você quer que toda sua geração tenha mérito de entrar no mundo vindouro em recompensa pelo imenso esforço e dedicação à este aluno?
Rabi Preida optou pela segunda opção. A voz do céu lhe disse, que por ter optado a segunda opção, sua recompensa serão as duas opções.
Vemos aqui, o tamanho do amor da Torá de Rabi Preida, ele queria transmitir a Torá para seu aluno de modo mais claro possível, e não deixou seu aluno sem entender.
De acordo com isso, podemos ver também uma profunda compreensão de como deve ser a transmissão da Torá escrita em modo geral e a Torá Oral em particular, deve ser bem clara e nítida, conforme a passagem trazida adiante. A transmissão da Torá, não é somente saber o que ela diz, e sim absorver o modo no qual as palavras nos foram repassadas.
Por que necessitamos da Torá Oral?
Esta é uma história sobre uma pessoa que se oferece a trabalhar para uma empresa de banco de investimento. O entrevistador olha seu currículo e diz: “Eu vejo que você esteve na escola de negócios, muito bem. Diga-me por favor, em que ano você terminou?
O candidato responde: “1990”
“1990. Você foi estudar no curso do professor Einstein?”
“Einstein? Não.”
E o Professor Cohen? Ele é um dos professores mais famosos da Escola de Administração de Empresas na qual você estudou. Um homem de idade com cabelos prateados. Você o conheceu? “
“Não. Nunca ouvi falar de Cohen.”
“Você foi à escola de negócios e você não conhece nenhum dos dois professores mais famosos, não entendo, você esteve lá ou não?”
“Bem, eu tenho que ser honesto e sincero com você, eu realmente não fui para esta escola, meu colega de quarto, ele estudou lá, ele trouxe para casa todas as notas e cadernos e eu li tudo o que ele trouxe … e então, quando obteve o diploma, Eu fiz isso … “
O entrevistador não ficou nem um pouco impressionado e o candidato não obteve o emprego que queria (e se o fizesse, a empresa já estava quebrada …).
Por que não basta ler os resumos para ser considerado como formado por um curso?
Há tanta informação fornecida pelos professores que nenhum resumo pode ser totalmente contido.
Porque as palestras devem ser ouvidas!!!
Há tanta informação fornecida pelos professores que nenhum resumo pode ser totalmente contido. Se você quiser obter uma compreensão completa do texto, qual seria a melhor maneira de obtê-lo? Pergunte aos especialistas: “O que está por trás disso? Por favor, explique isso.”
A informação por escrito, por definição, é secundária e de alcance limitado. É por isso que a Lei Oral é muito maior e mais ampla do que a Torá escrita! (Na verdade, a Torá Oral é infinita, incluindo dentro dela toda a Torá, que – como a expressão do Criador infinito – é definida por si mesma como infinita).
A vantagem da Torá Oral
Se a ideia de entregar a Torá Oral é tão bem sucedida, então, por que a Torá inteira não foi dada de imediato oralmente? Pois a Torá escrita é necessária para preservar a base. Se toda a Torá estivesse em nossa memória, nunca teríamos um ponto de partida. Deve haver um núcleo conciso para o estudo da Torá.
Rabi Aryeh Kaplan explica em seu livro “Guia do pensamento judeu”:
A Torá oral foi dada, a fim de passar de boca em boca. Foi transferido de professor para aluno de tal forma que, se uma questão surgisse no aluno, ele poderia perguntar-lhe e, assim, evitar a ambiguidade. Texto escrito, por outro lado, por mais que seja perfeito, será sempre objeto de má interpretação.
Além disso, o papel da Torá Oral foi para cobrir inúmeras instâncias que surgiriam ao longo do tempo e impossíveis de escrever na íntegra para o mundo. Como está escrito (Kohelet 12:12): “fazer muitos livros, não há fim”. Portanto, D'us deu a Moshe uma série de regras, com a ajuda da qual a Torá pode ser lançada e aplicada a todos os eventos possíveis.
Se toda a Torá fosse dada por escrito, qualquer um poderia interpretá-lo como quisesse. Isso levaria a separação e desentendimentos entre pessoas que teriam cumprido a Torá de várias maneiras. A Torá Oral, por outro lado, exige uma autoridade central que a preservará, o que assegurará a unidade do povo de Israel …
Decorar, ajuda a lembrar
Você tem uma enciclopédia? Quando foi a última vez que você abriu? A maioria das pessoas não olhou suas enciclopédias por muito tempo. Geralmente, as únicas vezes que usamos a enciclopédia são quando precisamos verificar um tópico específico e o resto do tempo, é um livro que se senta na prateleira …
Este não era o propósito de D'us em transmitir a Torá Oral – o judaísmo não é uma fonte de informações, que foi preparada para se sentar na prateleira. A Torá deve vivida e internalizada e, para isso, precisamos conhecê-la direto e para trás, da cabeça aos pés. Por esta razão, D'us deu textos tanto orais como escritos, os princípios básicos são escritos, mas tudo o mais deve ser aprendido de boca a boca, com incentivo para cada judeu memorizar regularmente para se lembrar.
Quando as ideias são passadas por via oral, elas devem passar diretamente do professor para o aluno.
Além disso, quando as ideias são passadas por via oral, elas devem passar diretamente de professor para aluno, ou de pai para filho. Desta forma, a Torá está constantemente familiarizada com os lábios de todos, discutindo e esclarecendo.
O Talmud (Eruvin 44b) reforça essa ideia:
A Gemara explica como foi o estudo e a transmissão da Torá oral. Moshe ouviria as palavras de D'us, então ensinava a Aharon, depois Moshe ensinava aos filhos de Aharon (na presença de Aharon), depois Moshe ensinava aos anciãos (na presença de Aharon), e finalmente Moshe ensinava à nação inteira (na presença de Aharon). Deste modo, Aharon estudava a Torá quatro vezes.
Rabi Eliezer disse: Uma pessoa deve mudar seus discípulos quatro vezes. Isto é aprendido através de uma dedução lógica. Se deste modo foi ensinado por Moshe (que aprendeu de D'us) a Aharon, nós que somos pessoas simples não é óbvio que devemos aprender e estudar deste modo?!?
Continua o Talmud (ibid)
Rabi Akiva diz: “de onde sabemos que uma pessoa deve ensinar a seu aluno até que ele entenda (como o fez Rabi Preida)? Resposta: Consta na Torá (Devarim 31:19): “E ele ensine (a Torá) aos filhos de Israel”. E de onde sabemos que tudo deve estar arrumado em suas bocas? Resposta: Como está escrito (ibid): “Coloque-a em suas bocas”. E de onde sabemos que devemos dar todas as explicações e lados diferentes? Como está escrito (Shemot 21: 1): “E estas são as palavras que você deve estabelecer diante deles”, explicam os Sábios, como uma mesa posta diante deles. Ao pôr uma mesa posta e arrumada, o que falta ao aluno, é simplesmente pegar e “comer”.
A vida judaica ao longo da história era difícil e cheia de perseguições, assassinatos e exílio, até que houve perigo que todas as seções da Lei Oral desaparecessem e fossem esquecidas. Estas partes foram escritas e montadas na Mishna (e mais tarde na Gemara). Mas até hoje, a maioria das informações ainda é transmitida oralmente.
D'us, com Sua infinita sabedoria, criou o método perfeito de transmissão da Torá ao longo das gerações. Esta não é uma lei escrita, não é uma lei aprovada oralmente, mas uma combinação de ambos.
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