Visita ao Departamento de Combate ao Corona / A Nota Diária / Sivan Rahav-Meir:
“Shalom, meu nome é Meital Galor, moradora da cidade de Sderot. Esta noite fui visitar meu pai, que está internado na unidade de Corona, e voltei com duas reflexões, que acho importante compartilhar:
No início, quando vesti o traje de proteção, quase me sufoquei. Eu me senti presa dentro de um chapéu e outro chapéu, macacão, sapatos, máscaras, óculos de proteção. Eu estava com calor e era difícil, mas o objetivo – ver papai por alguns minutos – era tão importante que consegui superá-lo. De repente, percebi quanta gratidão devo sentir para com as equipes médicas que trabalham dessa forma com devoção, muito mais do que por alguns momentos, e não para o pai deles, mas para os pais de todos nós. Será que dediquei um momento de reflexão às suas condições de trabalho, durante quase um ano?
Enquanto esperávamos do lado de fora, um homem e uma mulher ultra ortodoxos estavam ao meu lado, devidamente equipados e protegidos. Eu me afastei deles. ‘Bem, certamente’, disse a mim mesmo, ‘eles foram a um funeral no meio de uma multidão e se infectaram, qual é o problema?’ Mas ao ouvir a conversa entre eles, percebi que eram dois voluntários que deixaram tudo e vieram ajudar a outros, por vontade própria. Eles dividiram entre si os nomes dos pacientes e distribuíram croissants quentes para cada interno que assim pediu. Comecei a chorar. Eles não entenderam o que havia acontecido comigo, e comecei a dizer como errei em relação a eles e contei que vim visitar meu pai hospitalizado. A mulher me tranquilizou e disse que esteve ao lado de papai esta semana e o encorajou.
Suando e mal respirando, comecei a ter vergonha de mim mesma. Ter vergonha da minha indiferença até hoje para com as equipes médicas, ter vergonha dos meus estereótipos, usados para julgar mal aquele casal. Pensamentos especiais de arrependimento passaram por mim esta noite, dentro do traje de proteção. Eu gostaria que a corona também nos causasse uma mutação, para melhor. Que essas palavras sejam para a cura de meu pai, Moshe ben Rachel, dentre os demais enfermos de Israel.”
Tradutores para língua portuguesa:
Gladis Berezowsky e Yeshayahu Fuks